segunda-feira, 15 de março de 2010

Um exemplo de vida

De início ficou meio receoso em aceitar a participar desta entrevista, mas logo foi perdendo a vergonha e contando com prazer e orgulho sua trajetória de vida.

Com uma blusa semi-aberta pra tentar diminuir o calorão, um colar imitando prata, debaixo de um guarda-sol com todo seu material de trabalho, estava o senhor Joaquim Gregório da Silva, nascido no dia vinte e dois de novembro de mil novecentos e quarenta e seis, na cidade de Juazeiro do Norte, onde viveu até parte de sua adolescência. Logo depois veio com os pais para Fortaleza, a fim de tentar melhoria de vida.

Morando atualmente em frente o terminal do Siqueira, com a terceira das três mulheres que passaram por sua vida e seu filho de apenas nove anos, “Seu Chiquin” como é chamado, conta-me a rotina que faz todos os dias, acordando as 05h00min da manhã para ir a seu ponto de trabalho na Praça José de Alencar, Centro da cidade de Fortaleza, onde trabalha como sapateiro, desde os cinco anos de idade, profissão que herdou de seu pai.

Pergunto-o se fosse possível mudar de profissão, se ele assim queria, e mesmo antes de eu terminar a pergunta, ele me interrompe balançando a cabeça e dizendo:
- “Não, não! Essa era a profissão de meu pai. Ganho cerca de um salário e meio, o suficiente para manter minha casa, e isso basta pra mim”;

Nesta feita, pergunto o que ele deseja para o futuro de seu filho, e se aceitaria o menino continuar essa profissão hereditária, e ele logo diz:
- “Querer num quero não! Num é porque eu não queira outra coisa que vou querer que ele também faça isso, mas não vou proibir. e com lágrimas nos olhos continua... Mas meu sonho mesmo é ver ele formado”;

Para finalizar, peço a seu Chiquin que nos deixe uma frase, música ou qualquer outra coisa que seja, para que possamos levar de lição da história dele. Por instantes fica calado, como se tivesse com o pensamento longe e fala:
- “Seja quem for você, estude para conseguir algo melhor em sua vida”.

E assim me despeço deste homem que em seu rosto traz marcas da lida diária, mas que em momento algum da entrevista deixou transparecer nenhum sofrimento ou tristeza. Parabéns senhor Joaquim Gregório da Silva, com sua história podemos aprender que independente da profissão, como ele mesmo falou “o mais importante é a alegria que existe dentre de cada um”.

por: aline paiva
participação: Edyglésio Araújo

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